RIS ID
75397
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Abstract
A escolha do Português como língua oficial de Timor-Leste emergiu junto da opinião pública portuguesa como uma opção lógica da liderança timorense e abriu portas a um forte investimento público de cooperação no ensino e promoção da Língua Portuguesa em Timor-Leste.
No entanto, uma análise objectiva da realidade social e política do período pósindependência em Timor-Leste teria sido instrumental na orientação da cooperação Portuguesa para a escolha de estratégias mais inclusivas e apolíticas de ensino da língua.
A Língua Portuguesa é um factor de tensão entre a “geração de 1975”, educada no tempo colonial português, e a denominada “gerasaun foun” que cresceu durante a ocupação Indonésia.
O papel desta geração mais jovem na frente clandestina urbana e junto dos movimentos pró-democracia indonésios foi indispensável na projecção internacional da causa timorense. Se por um lado a geração que liderou a resistência timorense na luta armada e na frente diplomática defende um nacionalismo e identidade timorenses com raízes lusófonas, a “geração foun” identifica-se com uma identidade pós-colonialista baseada nos laços étnicos com Timor Ocidental e nos ideais de luta pela democracia partilhados com os activistas indonésios.
Este artigo argumenta que uma política de cooperação para a promoção da Língua Portuguesa em Timor-Leste deverá construir-se a partir de um conhecimento mais efectivo da realidade cultural e política local. A paz social e o diálogo intergeracional saíriam mais beneficiados com programas especificamente desenhados para a “gerasaun foun” e a ainda mais jovem “gerasaun independensia” e, por outro lado, com ênfase na valorização das línguas locais.
Publication Details
Ramos Goncalves, M. (2012). A Língua Portuguesa e o conflito intergeracional em Timor-Leste. In R. Teixeira E Silva, Y. Qiarong, M. Espadinha & A. Leal (Eds.), III SIMELP: A formação de novas gerações de falantes de português no mundo China, Macau: Universidade de Macau.